Quem hoje vê o sorriso do taxista Jaílton dos Santos não imagina as dificuldades por que passou. Por trás dos movimentos na sala de fisioterapia, existe uma história que talvez ele prefira não lembrar. É que Jaílton faz parte de uma triste estatística dos centros urbanos: foi ferido por uma arma de fogo durante um assalto à casa do irmão. Por isso, passou a frequentar o Centro de Reabilitação do Ipesaúde, que atende a uma média de 100 pacientes por dia. E é aqui que ele recupera, aos poucos, os movimentos perdidos após a lesão e retorna às suas atividades diárias.
Quem hoje vê o sorriso do taxista Jaílton dos Santos não imagina as dificuldades por que passou. Por trás dos movimentos na sala de fisioterapia, existe uma história que talvez ele prefira não lembrar. É que Jaílton faz parte de uma triste estatística dos centros urbanos: foi ferido por uma arma de fogo durante um assalto à casa do irmão. Para se ter ideia, até o último dia 21, o Hospital de Urgência de Sergipe registrou 335 casos de vítimas de armas de fogo em 2009.
O fato, ocorrido há mais de um ano no conjunto Eduardo Gomes, localizado na zona metropolitana de Aracaju, desordenou a vida de Jaílton. Ele teve os movimentos do lado esquerdo do corpo parcialmente paralisados, adquirindo hemiparesia. Como a lesão ocorreu na altura do pescoço, as cordas vocais também foram danificadas, o que provocou a perda da fala para Jaílton. Por isso, foi buscar a recuperação na fisioterapia e na fonoaudiologia.
Foi dessa forma que Jaílton veio parar no Centro de Reabilitação do Ipesaúde, que atende a pelo menos 100 pacientes por dia. Acompanhado por um fisioterapeuta, ele realiza exercícios para recuperar os movimentos e fortalecer os músculos do braço e da perna. Com a voz e os movimentos praticamente restabelecidos, enquanto faz alguns exercícios, ele confirma: sem a fisioterapia, não teria se reabilitado de forma alguma.
“A fisioterapia ajudou demais. O médico que fez minha cirurgia depois do acidente disse que eu ia ficar uns cinco anos me tratando, mas com um ano eu já estou correndo e pulando”, comemora. Obviamente, Jaílton tem uma boa parcela de responsabilidade pela recuperação mais rápida que o normal. “Eu faço três sessões por semana aqui no Ipesaúde e aproveito a tarde para continuar meu tratamento em outros lugares”, admite o taxista.
A fisioterapeuta Renata Sobral, que acompanha o caso, afirma que a recuperação de Jaílton foi surpreendente. “Ele teve uma evolução fantástica. Chegou aqui sem o movimento dos membros e em pouco tempo já estava levantando peso. Esse é o tipo de coisa que não se consegue com remédio, mas somente com exercícios de reabilitação e, claro, muito esforço”, declara a profissional.
Fisioterapia
Embora ele ainda não esteja totalmente recuperado, é inegável que a fisioterapia está auxiliando no seu retorno às atividades diárias normais. Por isso, a importância dessa ciência está se tornando crescente nos dias atuais. “A fisioterapia não recupera somente os movimentos dos pacientes, mas também devolve a eles o bem-estar e proporciona qualidade de vida”, afirma Renata Sobral.
Esse tipo de tratamento é necessário não somente para vítimas da violência, como foi caso de Jaílton. Os acidentes de trânsito, outro problema comum das grandes cidades, também fazem com que muitas de suas vítimas necessitem do acompanhamento de um fisioterapeuta. Até o dia 20 de maio, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) registrava 1.490 acidentes neste ano em Sergipe, com pelo menos 190 condutores hospitalizados.
Embora sejam atendidas muitas pessoas envolvidas em acidentes, grande parte dos casos que passam pelo Centro de Reabilitação são mesmo de pessoas com doenças ortopédicas, entre elas a tendinite, a artrose e a lombalgia. E a população de idosos, que são os mais propensos a desenvolver essas patologias, está em ascensão com o aumento da expectativa de vida no país. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país tem atualmente cerca de 18 milhões de habitantes com 60 anos ou mais, o que representa 10% da população do país. E a expectativa é que esse número chegue a 28 milhões já nos próximos 10 anos.
Nesse contexto, a fisioterapia adquire um papel essencial na manutenção da qualidade de vida dos idosos. Por isso, Renata aconselha: é melhor prevenir e impedir o progresso dessas patologias o mais cedo possível. “Ao sentir a menor dor, o menor incômodo, procure um especialista. Quanto antes a pessoa inicia o tratamento, mais rápida e menos dolorosa é a recuperação”, avisa a fisioterapeuta.
Centro de Reabilitação
Há pouco mais de 8 meses, a rotina de profissionais e usuários do Centro de Reabilitação Maria Virgínia Leite Franco mudou drasticamente. Em setembro de 2008, o Governo de Sergipe reinaugurou o antigo Centro de Fisiatria do Ipesaúde, após uma reforma do prédio. O investimento de R$ 163 mil na reforma do local também trouxe uma nova mobília e, o principal, a mudança de todos os equipamentos de fisioterapia.
O secretário da Administração e presidente do Conselho Deliberativo do Ipesaúde, Jorge Alberto, explica que a recuperação do centro foi essencial para que o trabalho dos fisioterapeutas prosseguisse da melhor forma possível. “Encontramos o Centro de Reabilitação em condições muito ruins. O Governo Marcelo Déda entendeu a importância de se reformar o local e, felizmente, conseguimos oferecer serviços de qualidade aos usuários do Ipesaúde e transformar o Centro em um referencial de excelência nesse tipo de tratamento”, explica o secretário.
Vinícius Barbosa, presidente do Ipesaúde, ressalta os esforços para reestruturar os serviços de saúde para os servidores estaduais. “Estamos seguindo a determinação deste Governo de transformar o Ipesaúde no plano de saúde do servidor. Toda a estrutura estava comprometida, tínhamos equipamentos comprados há 30 anos”, declarou Vinícius durante a reinauguração do espaço. Hoje, o Centro de Reabilitação conta com salas totalmente climatizadas e aparelhagem de última geração. O coordenador do Centro, Marcus Vinícius de Carvalho, diz que o conforto e a comodidade do usuário são as atuais prioridades no atendimento. “Estamos vivendo uma fase em que a qualidade dos serviços é o nosso foco principal”, afirma.
Depois da reforma, cerca de 150 pessoas são atendidas diariamente no Centro. Para melhorar ainda mais a eficiência no atendimento, algumas medidas foram tomadas. Por exemplo, as consultas e sessões agora são realizadas com horário marcado, o que diminui o tempo de espera do usuário. Além disso, os profissionais passam por atualização constante e realizam reuniões científicas periódicas, durante as quais analisam as fichas de evolução de pacientes em situações mais graves e estudam a melhor forma de tratamento.
Cuidados no dia a dia
Embora existam trabalhos de prevenção, muitas pessoas só buscam a fisioterapia na hora da dor. Falta de tempo, situação financeira ou descuido com a saúde são alguns dos motivos que levam a pessoa a não buscar a prevenção. Por isso, o trabalho do fisioterapeuta é muitas vezes confundido com o de recuperação dos movimentos, quando muitas vezes esse mesmo profissional poderia evitar ou desacelerar essa limitação física.
Em muitos casos, a passagem do estágio inicial até o estágio crônico de uma patologia ortopédica pode ser freado com simples cuidados no dia a dia. Realizar um autoalongamento por alguns minutos durante o dia ou praticar exercícios leves podem auxiliar no desenvolvimento de uma vida saudável e sem dor. No trabalho, algumas empresas já investem na realização de terapia ocupacional, que traz ótimos resultados para a saúde de seus funcionários.
Em pessoas que já possuem alguma limitação ou então têm tendência a desenvolver alguma dessas patologias, outros cuidados podem ser tomados. Aplicação de gelo (crioterapia), redução da obesidade e sessões de hidroginástica podem reduzir o impacto de algumas doenças ortopédicas nas atividades diárias dessas pessoas. A realização de atividades físicas de maior impacto deve ser orientada por um especialista, que irá indicar exercícios adequados para cada paciente.
De qualquer forma, fica o aviso: ao surgimento do menor sintoma e de qualquer sinal de dor, o melhor é procurar o quanto antes orientação médica. Dessa forma, as patologias são descobertas em estágio pouco avançado e, além de prevenir um futuro abandono das atividades diárias normais, aumentam as chances de uma recuperação rápida e sem muitos obstáculos.